Passado sete meses, será que valeu a pena ter saído da 'zona de conforto' que me encontrava para passar por alguns apertos SÓ para fazer parte da minha pesquisa? Será que preciso mesmo sair do meu país, que tem melhorado em vários aspectos relacionados à algumas áreas de pesquisa para ter resultados melhores para tese? Talvez para alguns a resposta seja não e isso é fabuloso. Talvez até para a minha pesquisa a resposta seja não.
Mas algo que ouvi esses dias me fez refletir um pouco mais sobre essa questão. Alguém me disse que o melhor 'produto' de um doutorado não é uma tese, mas sim um doutor. E me pareceu relativamente com sentido, afinal, conheço poucas pessoas que depois de terminado seu doutorado atuam somente na área da sua tese (são mais 'generalistas' que 'especialistas') ou ainda, estão completamente afastadas.
Bom, vejo que um doutor é alguém com uma capacidade de se adaptar, de interagir, de aprender, pronto para enfrentar novos obstáculos profissionais. E atire a primeira pedra quem acha que tudo isso não deve estar conectado (pelo menos no ideal) ao cultural e pessoal para complementar o pacote profissional, afinal, dá trabalho tentar generalizar, se for esse o objetivo ou mesmo se especializar. Pergunte para um programador (que não sou eu) se um algoritmo (em qualquer linguagem de programação) generalizado para uma gama de problemas é mais fácil ou com menos condições a serem analisadas do que o mesmo algoritmo para um problema específico onde 'apriori se conhece' todas (ou quase) as condições? Imagino que a resposta seja não.
Então para simplificar a história, para ser doutor, o 'cabra' tem que ter uma tese (caso contrário o curso ou o orientador não o deixa defender hehe), ter artigos publicados ou enviados para publicação (depende de cada pós-graduação) e ter 'conhecimentos' extras para arrematar tudo. Ufa, dá trabalho ser 'doto'.
E foi na conquista por conhecimento, no seu sentido mais amplo, que se refazer a pergunta sobre ter valido a pena ter saído do meu país para fazer parte da minha pesquisa, a resposta é SIM. E um sim bem grande, claro que isso também não garante nada e nem que eu vá defender no prazo, infelizmente. Mas isso também não era garantido mesmo que eu desenvolvesse todo meu trabalho no Brasil.
Volto com as malas mais cheias, a física (maldita balança que fez o ponteiro dos quilos ir mais longe hehe) e a material restrita porque só posso levar duas malas de 32 kg (queria levar tanta coisa - quem sabe da próxima vez - meu lado consumista as vezes fala mais alto, principalmente quando são livros, filmes e cremes rsrs). Não esquecendo que com muito muito muitooooo esforço contra o avanço dos ponteiros da balança podemos lutar e que podem perder ou estraviar nossa mala e então quase toda bagagem pode ser esvaziada.
Mas aquela bagagem cheia mesmo, que não tem volta ou perda e que não ocupa espaço, é a vivência em outra cultura, são as interações com as pessoas, as viagens erradas e as certas e que estarão presentes na minha formação. É apostando nesse 'árduo conhecimento' que acredito que a definição de doutor também se aplica e se é assim tenho certeza que isso está cumprido. SÓ falta o 'resto': escrever a tese e os artigos hehehe...
Termino o relato com uma das mais belas imagens que vi aqui, com certeza um 'bom aprendizado', que é o Jardim das Ninpheas na Casa do Claude Monet em Giverny - França.
Muito bom esta sua consideração. E a analogia ao programa de computador foi perfeito. Parabéns e a doutora já está sendo esculpida.
ResponderExcluirObrigada Valdir, ufa, que bom que a analogia está dentro do correto hehe.... E foi a única que lembrei na hora de escrever, acho que a convivência com o povo das exatas tá tomando conta hehe...
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